Mais fotos do festival holandes Summer Darkness que teve sua 6° edição em 2010
http://www.summerdarkness.nl/festival/
FAITH AND MUSE
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FAITH AND MUSE
Quando encontramos reunidos num mesmo filme de horror os nomes do cineasta Roger Corman, dos atores Vincent Price e Lon Chaney Jr., do roteirista Charles Beaumont, dos produtores Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson, e por fim dos escritores H. P. Lovecraft e Edgar Allan Poe, o mínimo que podemos esperar é uma prazerosa sessão de entretenimento. “O Castelo Assombrado” (The Haunted Palace, 63) é um dos filmes que juntou esses nomes todos numa única produção, profissionais consagrados que fazem parte da história do cinema fantástico, através de suas contribuições inestimáveis para o desenvolvimento desse fascinante gênero artístico.
A direção e produção é de Roger Corman, mais conhecido como “O Rei dos Filmes B”, devido ao seu incrível talento em trabalhar com prazos curtos, aproveitando cenários de outros filmes, tendo à disposição poucos recursos e orçamentos pequenos, sem contudo deixar de lado o interesse dos argumentos obtendo resultados altamente positivos, além de lançar atores e diretores talentosos, e deixando um enorme legado de filmes significativos, principalmente aqueles produzidos nos saudosos anos 60, que tornaram-se objetos de culto e admiração para colecionadores. O roteiro é de Charles Beaumont, constante colaborador para criação de histórias fantásticas da série clássica de TV “Além da Imaginação” (The Twilight Zone, 1959/64). A produção executiva é da dupla especialista no gênero, Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson, responsáveis pela AIP (American International Pictures), estúdio com uma grande quantidade de preciosidades em seu catálogo.
A história é baseada numa novela de H. P. Lovecraft chamada “O Caso de Charles Dexter Ward” (escrita em 1928), que por sua vez faz parte do complexo universo ficcional dos misteriosos “Mitos de Cthulhu”, sendo na verdade a primeira adaptação de uma obra literária do autor para o cinema. E os produtores aproveitaram também a oportunidade para inserirem uma breve citação de um poema de Edgar Allan Poe, com o objetivo de venderem o filme como mais uma adaptação da obra do famoso escritor, tanto que o nome do filme é o nome desse poema. Como os filmes baseados em histórias de Poe estavam sendo bem sucedidos, eles decidiram filmar uma história de Lovecraft sob um rótulo já comprovado, através dos créditos para Poe. Aliás, tanto um quanto o outro dispensam comentários, pois são dois dos maiores escritores de horror de todos os tempos.
E completando essa introdução dos famosos nomes envolvidos em “O Castelo Assombrado”, o elenco é liderado pelo mestre Vincent Price num brilhante papel duplo, interpretando Charles Dexter Ward e seu ancestral, o feiticeiro Joseph Curwen. E ainda tem Lon Chaney Jr. (o eterno lobisomem no clássico homônimo de 1941), fazendo dessa vez um personagem coadjuvante. Ambos os atores estão imortalizados na galeria dos grandes ícones do horror, ao lado de Lon Chaney (o pai), Bela Lugosi, Boris Karloff, Basil Rathbone, Peter Lorre, Peter Cushing, John Carradine, Donald Pleasence e Christopher Lee, entre outros.
Curwen está agora num novo corpo e volta a contar com o auxílio dos descendentes de seus antigos assistentes na época, Simon Orne (Lon Chaney Jr.) e Jabez Hutchinson (Milton Parsons). Atrás de força e poder sem limites, eles preparam o retorno dos Antigos (ou “The Old Ones”), seres grotescos e poderosíssimos que dominavam a Terra em tempos remotos, e que estão adormecidos apenas aguardando uma oportunidade de retomarem o poder no planeta. Esses monstros indizíveis foram criados por Lovecraft em seus famosos “Mitos de Cthulhu”.
O filme possui aqueles elementos típicos do horror gótico, como o imenso castelo sombrio localizado numa colina sinistra e ladeado por um cemitério, e a pequena cidade misteriosa que impõe medo aos seus visitantes (o condutor da carruagem que trouxe Ward e a esposa insistiu para que eles não ficassem na vila). Algumas cenas antológicas são quando eles estão caminhando à noite nas ruas solitárias e sombrias de Arkham, e são surpreendidos por um grupo de humanos mutantes, verdadeiras aberrações onde homens, mulheres e crianças tornaram-se vítimas de históricas experiências genéticas mal sucedidas, as quais eram realizadas por Curwen no passado ao inseminar belas mulheres com as lendárias e profanas criaturas dos mitos. Outra cena de destaque é justamente quando uma dessas criaturas monstruosas aparece de forma não explícita num poço nos porões do castelo, justificando a questão proposta pela tagline do filme, e que está reproduzida no início desse texto.
* O filme foi lançado no mercado brasileiro de vídeo VHS pela extinta “Globo Vídeo”, e está fora de catálogo há muitos anos, estando ainda inédito em DVD por aqui.
* O diretor de arte de “O Castelo Assombrado” foi Daniel Haller, que curiosamente foi o diretor dois anos mais tarde em 1965 de um outro filme baseado em história de Lovecraft e produzido pela AIP. Trata-se de “Morte Para Um Monstro” (Die, Monster, Die!), com Boris Karloff e roteiro inspirado no conto “A Cor Que Caiu do Céu”.